O caos administrativo e as práticas viciosas para se manter no poder
O Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão tomou uma decisão um tanto quanto inusitada na tarde do último dia 13, quinta feira: rejeitou por seis votos a ação movida pela Coligação ‘Vitória do Povo de São Bento’, que pedia a cassação do prefeito do município Luiz Gonzaga Barros que, conforme conteúdo do processo fora reeleito de forma fraudulenta na eleição de 05 de outubro de 2008. De acordo com a denúncia, recheada de fundamentos plausíveis, o prefeito já notabilizado no cenário político-administrativo por práticas espúrias, só obteve êxito na eleição, graças ao abuso de poder econômico que estava muito evidente, compra de votos e uso da máquina administrativa que lhes favoreceram na reeleição. Vale ressaltar que outros prefeitos aqui mesmo do Maranhão que cometeram ilícitos muito menos graves foram “decapitados” sem muitas delongas pelo próprio Tribunal.
O prefeito não conseguia esconder dos seus aliados mais próximos, ante as evidências, que não tinha as mínimas chances. Diante da iminente cassação, foi preciso mover todo um exercito de articuladores e investir alto para reverter a situação.
Para obter tal conquista é bem provável que essa decisão saiu muito caro para o município de São Bento, que há muito tempo já vem sendo penalizada pela falta de saúde, educação e assistência social. No município não existe respeito e dignidade ao cidadão e isso tem proporcionado entre outras coisas, a morte de muitos inocentes que clamam por atendimento no pseudo hospital que “funciona” de forma precária. Os hábitos do passado estão de volta. Quando as pessoas não têm como se deslocar a outros municípios em busca de atendimento de saúde, procuram as farmácias para consultarem. Nascer em São Bento nos dias de hoje é correr risco de morte, e isso tem causado temor nas mulheres grávidas do município que são obrigadas a mudarem a naturalidade dos seus rebentos para outras cidades próximas.
Esse é o reflexo de acordos firmados que envolvem muitas artimanhas e quiçá, grandes quantias em dinheiro. Não foi à toa que o prefeito de São Bento assumiu compromisso com o genro de uma desembargadora, que já integrou o próprio Tribunal Eleitoral, com a promessa de lhe conceder milhares de votos para deputado estadual e também a sua candidata ao governo nas próximas eleições, sob a condição de que este use de todas suas influências jurídicas e políticas para mantê-lo no cargo de prefeito.
Realmente essa decisão deve estar saindo cara para o município de São Bento, pois para se dedicar exclusivamente a esse processo, há muito tempo a cidade e seu povo, agora mais do que nunca, estão entregues à própria sorte. A população sofre e de tão abandonada e maltratada, São Bento parece ter sido acometida de um forte terremoto. Muitos funcionários vivem a angústia pelo longo atraso dos seus pagamentos. O pior é que essa conta vai aumentar e o prejuízo para o município poderá ser bem maior, isso porque ainda existem mais três processos que também pedem a cassação do prefeito. Dois são movidos pelo Ministério Público e outro por uma coligação eleitoral. Quantas crianças deixarão de ter merenda nas escolas e quantas vidas precisam ser ceifadas pela ausência de atendimento de saúde tudo em detrimento ao investimento da sua manutenção a todo custo no cargo?
Essa decisão do TRE ainda mobilizou alguns asseclas do prefeito, que tentaram organizar passeatas e fizeram ecoar alguns minguados foguetes na cidade, mas sem nenhum entusiasmo porque diante do estado caótico vivido por São Bento, até mesmo esses fanáticos não conseguem decifrar quem foi que ganhou e quem perdeu.
Mas os problemas do prefeito de São Bento não estão restritos apenas à justiça eleitoral. Rumores em toda cidade, dão conta que ele anda com um habeas corpus preventivo no bolso com o propósito de evitar uma possível prisão que estaria prestes a acontecer, promovida pela Polícia Federal em decorrência das várias irregularidades praticadas nas suas maquiadas prestações de contas e também no desvio de verbas públicas comprovado por fiscais da Controladoria Geral da União – CGU. Até agora, parece que a Polícia Federal não está submissa a sofrer nenhuma ingerência extraterrena para permitir que tantos crimes contra São Bento e seu povo continuem impunes. É ver pra crê!
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