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domingo, fevereiro 20, 2011

Detento pagou R$ 6 mil para não morrer em rebelião de Pinheiro



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SÃO LUÍS - A rebelião que resultou no assassinato de sete presos na Delegacia Regional de Pinheiro nos dias 8 e 9 deste mês não foi motivada por superlotação. O motim era para que os detentos José Ramiro Moreira Araújo, o Ramiro, e José Raimundo Pereira Filho, o Dé, matassem o preso Raimundo Nonato Soares Mendes, o Pampo, de 28 anos. A ordem para o crime partiu do Complexo Penitenciário de Pedrinhas e foi dada por um detento identificado como Sadam.

As revelações acima foram feitas ao juiz Paulo Ribeiro e à promotora Marina Lima por um dos presos transferidos da Delegacia de Pinheiro, em depoimento na semana passada. O presidiário também confirmou que R$ 4.000,00 foram depositados em uma conta no banco Bradesco, para que outros detentos não fossem mortos.

O motim para que os presidiários Ramiro e Dé assassinassem o Pampo deveria ocorrer no dia 12 de fevereiro. Segundo as ordens de Sadam, os dois cometeriam o crime ou seriam mortos na cadeia. A rebelião foi antecipada depois que policiais civis descobriram que havia uma serra na cela um da delegacia em posse do preso identificado como Galo Cego.

Receosos de que os policiais fizessem uma varredura no xadrez, Ramiro e Dé determinaram que os outros detentos quebrassem “tudo nas celas”. Enquanto isso, eles agrediram com socos e pontapés o preso Deneilson Rodrigues Pires, o Dené ou Bnéu.

Morte

Após arrebentarem os cadeados das cinco celas, Ramiro, Dé e Louro mandaram que os presos fossem todos para a cela cinco, enquanto “eles matariam quem deveria morrer”. O primeiro a ser morto foi o lavrador José Agostinho Bispo Pereira, de 55 anos, condenado a 63 anos de prisão em dezembro de 2010 por ter abusado sexualmente de duas filhas e ter tido com elas oito filhos. Ele foi assassinado com chuçadas por Ramiro e Louro.

Em seguida, Dé, Ramiro e outros dois presos conhecidos como Bernal e Lió foram para a cela um, onde matariam os presos Paulo Sérgio Cunha Pavão, de 40 anos, e Alexsandro De Jesus Costa Pereira, o Sandrinho, de 28 anos. Ramiro e Louro assassinaram Pampo com chuçadas.

“Ouvi o Dé dizer que matou o taxista, arrancou seu olho e jogou no corredor da entrada das celas”, contou o preso no depoimento. Outro presidiário, identificado como Pará, afirmou que matou um dos detentos. “Antes dele cair, bebi o sangue do baixinho”, declarou.

Telefones

Na audiência, o preso afirmou que havia três celulares na cadeia. Os telefones estavam com os detentos Manoel, Pará e Miguel, mas quem falava ao celular era o Ramiro e o Dé. “O Ramiro e Louro mataram Pampo e depois ligaram de volta para o presídio de Pedrinhas contando que o tinham matado. Aí, eles passaram a se comunicar com várias outras pessoas”, revelou o detento ao juiz.

Após o assassinato dos seis presos, os detentos Alex Silva, o Seu Barriga (responsável por fabricar os chuços); Coelho, Lió e Betinho passaram a cobrar de outros presos que “dessem um jeito para colocar créditos no valor de R$ 50,00 em cada um dos celulares”. Em seguida, os presos passaram a cobrar que fosse depositado R$ 6.000,00 em uma conta do Banco Bradesco para que outros presos não morressem.

Os líderes da rebelião escolhiam um dos detentos, estipulavam o valor que deveria ser depositado na conta bancária e marcavam a hora para ele ser assassinado, caso não fosse depositado o dinheiro.

Dois depósitos foram feitos na conta bancária 2498832-5, na agência 786 do Bradesco, em nome de Maria da Conceição dos S. Privado. O primeiro depósito foi de R$ 3.000,00 e o segundo de R$ 1.000,00.

O preso em seu depoimento contou ainda que todos os passos da rebelião eram comunicados ao preso de Pedrinhas Sadam. “A pessoa que estava em Pedrinhas foi quem deu as instruções para Dé e Ramiro procederem durante a rebelião. Inclusive foi essa pessoa que disse o que deveriam fazer para acabar com a rebelião”.

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