Vítimas de Doença de Chagas transmitida através de consumo de açaí já retornaram à Pinheiro.

Açaí vinda do Estado do Pará contaminou 10 pinheirenses com doença de Chagas

A senhora Augusta Mendonça e seus filhos Raimundo Mendonça e Jessica Mendonça, residente na Praça São José, em Pinheiro, que foram contaminados após se alimentarem com açaí vindo do estado do Pará, já obtiveram alta após 27 dias de internados no Hospital Dutra em São Luis. Todos passam bem, mas continuam acompanhamento médico. Já o patriarca da casa, senhor Antonio Mendonça, continua internado, em estado grave.

Os quatro membros da família Mendonça estão entre os dezenove casos de doença de Chagas confirmados no Maranhão. Outras seis pessoas de Pinheiro aguardam o resultado de exames laboratoriais sobre a doença. A confirmação do surto isolado foi anunciada pela Superintendência de Epidemiologia e Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde (SES), em São Luis. O secretário adjunto de Vigilância em Saúde, Alberto Carneiro, informou que barreiras sanitárias e outras providências já foram adotadas para impedir a ocorrência de novos casos.

Ele explicou que as notificações sobre a suspeita da doença foram feitas entre 27 de agosto e 19 deste mês. Os casos surgiram nos municípios de Pinheiro, São Roberto, Barra do Corda e Lago da Pedra. O secretário adjunto de Vigilância em Saúde explicou que após investigações de equipes da Superintendência de Epidemiologia do estado e do setor de epidemias do Ministério da Saúde, foi detectado que a contaminação em Pinheiro ocorreu por conta da ingestão de alimentos contaminados, possivelmente por açaí, oriundo do município de Igarapé Mirim, estado do Pará. Membros de duas famílias de bairros do centro da cidade apresentaram os sintomas, as equipes de epidemiologia percorreram os domicílios, mas não encontraram criadouros do inseto transmissor da doença. Após as investigações foi detectado que as pessoas tinham consumido açaí.

A associação com o estado vizinho só ocorreu após a inspeção dos estabelecimentos que venderam o produto. O secretário adjunto explicou que ambos atendiam às exigências sanitárias necessárias para a comercialização do alimento. "Percebemos que havia uma ligação entre os dois estabelecimentos, eles adquiriam a polpa do mesmo fornecedor que era do município de Igarapé Miri, uma região endêmica do trypanosoma cruzi, agente causal da Doença de Chagas", relatou.

Alberto Carneiro informou que dos 10 casos notificados envolvendo as duas famílias em Pinheiro, sete foram confirmados e três ainda aguardam o resultado dos exames. Ele explicou que todos os casos confirmados receberam tratamento e houve a necessidade de internação apenas dos membros de uma família, os Mendonça, sendo que destes, três já tiveram alta e apenas um continua internado: um senhor com mais de 60 anos com quadro de diabetes e câncer de próstata.