JM Cunha Santos
É impressionante que atos de corrupção envolvendo a Valec, empresa administradora da Ferrovia Norte-Sul, tenham pago a cassação do então governador Jackson Lago nos tribunais deste país. Se pagaram o advogado com dinheiro de propina desse asqueroso esquema no Ministério dos Transportes, o que mais podem ter feito?
Como noticiou o Jornal Pequeno, a Camargo Correa admitiu ter participado da formação de cartel na construção da ferrovia e entregou documentos comprovando o esquema. Jackson Lago, portanto, foi vitima, assim como o povo maranhense, de uma estupenda rede de corrupção que só no trecho da ferrovia em Goiás pode ter desviado R$ 630 milhões. O golpe judicial contra o Maranhão tinha seus tentáculos numa fraude maior que a escaramuça política que levou à cassação do governador.
Mesmo à época, dava para sentir o mau cheiro desse processo, a ameaça pairando sobre nossas cabeças, sobre nossas instituições e o palácio do governo à beira de ser sitiado por forças arregimentadas nos exércitos da fraude e do suborno. O bom de tudo isso é que surgem os primeiros indícios de prova material de propina da família Sarney pela Ferrovia Norte-Sul, o que não nos tira a vergonha de não ter resistido a um golpe que foi sempre isso: um golpe contra a vontade manifesta do povo do Maranhão.
A “Nova República” revela, assim, uma podridão que o ex-presidente José Sarney soube muito bem disfarçar e praza aos céus que a Operação Lava-Jato consiga indiciar os verdadeiros chefes desse esquema. Imaginem isso: dinheiro de corrupção invadindo os tribunais, inclusive a corte eleitoral máxima do Brasil, para promover a cassação de um governador legitimamente eleito pelo povo, mudando, a golpes de propinas, a manifesta vontade popular. É de fazer corar um frade de pedra; É, além de tudo, crime de lesa-pátria e uma criminosa obliteração das leis do país.
Mesmo a segunda detenção do principal executivo da Valec, José Francisco das Neves, pela Polícia Federal, não nos tira essa sensação de que só podemos esperar pelo julgamento da História. Isto porque, a total consumação desse processo pode atingir até honoráveis ministros do Tribunal Superior Eleitoral.
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