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No
Espírito Santo, os 1.117.039 votos (31,15%) em Fabiano Contarato, da REDE,
conseguiram eleger pela primeira vez um senador homossexual que não faz da
sua vida particular um constrangimento. Ao contrário disso, Contarato, que
é delegado da Polícia Civil e professor universitário, não tem medo de se expor
ao debate público e misturou em sua campanha aspectos que dialogam tanto com
ideias progressistas, quanto posições conservadoras.
Em
sua primeira disputa a um cargo eletivo - filiou-se à Rede neste ano -
Contarato conseguiu desbancar políticos tradicionais de estado: derrotou os
atuais senadores Magno Malta (PR), que teve 17,04% dos
votos, e Ricardo Ferraço (PSDB), com 13,39%. A segunda vaga para o Senado ficou
Marcos do Val (PPS), que obteve 863.359 votos (24,08%).
Em
seu discurso de vitória, o senador eleito disse que sua campanha foi a de “Davi
contra dois Golias”, citou expressões bíblicas e usou a narrativa do amor
contra o ódio. Contarato é homossexual, casado, tem um filho e defende o
casamento LGBT.
Durante
a disputa eleitoral – e também antes dela – deixou manifesta sua vida
particular e aliou o discurso de defesa da família – em todas suas as formas –
ao da inclusão. A tônica do candidato da Rede foi especialmente as questões
ligadas à segurança pública. O Espírito Santo é o segundo estado mais violento do Brasil para
crianças e jovens: 23,8% dos homicídios cometidos no estado em 2016 vitimaram
menores de 19 anos de idade.
Formado
em direito pela Universidade Vila Velha, Contarato é professor e delegado de
polícia da Academia de Polícia Civil do Espírito Santo, e é especialista em
Impactos da Violência na Escola pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em 2016,
foi nomeado corregedor-geral do Estado.
Enquanto
a campanha ao Palácio do Planalto tende a polarização, o mais bem votado
senador do Espírito Santo harmonizou em sua campanha símbolos e discursos de
todos as matizes: bandeira do Brasil, defesa do casamento LGBT, contra o aborto, defesa dos
direitos humanos e da lei Maria da Penha, mensagens motivacionais e
especialmente a defesa de se professar a fé religiosa de maneira não dogmática.
O
discurso religioso não vem ao acaso. Pode tê-lo ajudado a diminuir o poder de
seu principal adversário, o político de extrema-direita Magno Malta. Político
de carreira, termina no fim do ano seu primeiro mandato de senador. Pastor
evangélico, já foi cantor de músicas gospel.
Em
2016, foi um dos parlamentares que mais defendeu o impeachment contra Dilma Rousseff. No discurso
de votação, afirmou que "a arrogância precede a ruína". Malta comparou
o fim do mandato de Dilma a um "enterro de indigente" e finalizou seu
discurso cantando "vai pra Porto Alegre e tchau".
Malta
tem também seu nome envolvido em casos de corrupção, nepotismo, perseguição e
tortura, e é conhecido por discursos homofóbicos. O senador apoiou o candidato
à presidência Jair Bolsonaro (PSL), primeiro colocado no primeiro turno. Ainda
assim, o gesto não foi o suficiente para ser eleito pelo estado ao Congresso
Nacional.
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